segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Tema: Os Efeitos do Pentecoste na Vida Igreja Ontem e Hoje

 Texto: Atos 2. 42 a 47 46- E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, 47- louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos. Introdução: Continuando a serie de mensagens que traremos com base no livro de Atos. No domingo passado falamos sobre os Quarenta Dias que Jesus passou após a Sua ressurreição preparando Seus discípulos para tudo o que aconteceria com eles, e com a Igreja que passaria a existir a partir daquele evento que iria acontecer na festa de Pentecostes. Pentecostes era uma das três maiores festas judaicas. As outras duas festas eram a Páscoa e a Festa dos Tabernáculos. Pentecostes é um nome advindo da palavra grega cinquenta, termo usado pelo fato de a festa ser celebrada no quinquagésimo dia após o Sábado de Páscoa. Essa celebração também era conhecida pelos nomes Festa das Semanas, Festa dos Primeiros Frutos ou das Primícias. Durante essa celebração, os judeus levavam a Deus as primícias da terra em ação de graças, esperando que Ele concedesse ao restante da colheita a Sua bênção. Esse Dia de Pentecostes é o dia das Primícias da Igreja de Cristo, o começo da grande colheita das almas que viriam a conhecer a Cristo e a Unirem-se à Igreja por meio da obra do Espírito Santo. Se quiséssemos fazer uma lista dos dez maiores dias na História da humanidade, certamente o primeiro Pentecostes após a ressurreição de Jesus teria de estar nesta lista. O Pentecostes foi o começo (At. 11. 15). Foi o início daquilo que estava proposto, não na mente do homem, mas na mente, no coração de Deus; não como um súbito pensamento que ocorreu depois, mas desde a eternidade. Lucas nos mostra agora os efeitos do Pentecoste, dando-nos uma linda descrição da igreja cheia do Espírito Santo. Cremos que a igreja embrionariamente não começou naquele dia, e não é correto dizer que o dia de Pentecoste é "o aniversário da igreja". Pois a igreja, como povo de Deus, remonta a pelo menos 4.000 anos nos tempos de Abraão. O que aconteceu no Pentecoste foi que o remanescente do povo de Deus veio a tornar-se o corpo de Deus cheio do Espírito Santo. Quais foram, então, as evidências da presença e do Espírito Santo. Quais foram os Efeitos do Pentecostes Na Vida da Igreja? É isso que veremos: 1- O Aprendizado O evangelista Lucas menciona com bastante clareza que eles Perseveravam na Doutrina dos Apóstolos. Poderíamos até dizer que de certa forma, que naquele dia, o Espírito Santo abriu uma escola em Jerusalém; seus professores eram os apóstolos que Jesus escolhera; e havia três mil alunos no jardim de infância! Lucas deixa claro que esses novos convertidos NÃO estavam se deliciando com uma experiência mística que os levasse a rejeitar a própria mente ou a teologia. O anti-intelectualismo e a plenitude do Espírito são mutuamente incompatíveis, pois o Espírito Santo é o Espírito da Verdade. Esses primeiros discípulos também não pensavam que, devido ao fato de terem recebido o Espírito Santo, esse era o único professor de que precisavam, podendo dispensar os mestres humanos. Pelo contrário, eles se assentavam aos pés dos apóstolos, ansiosos por receberem instruções, e nisso Perseveravam. Mas que isso, a autoridade didática dos apóstolos, à qual se submeteram, era autenticada por milagres: "muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos” (v. 43). “As duas referências aos apóstolos, no versículo 42 (a Doutrina deles) e no versículo 43 (e os Prodígios de Deus por intermédio deles), dificilmente podem ser acidentais. Considerando que o ensino dos apóstolos chegou até nós em sua forma definitiva por meio das Escrituras no caso o Novo Testamento, a devoção contemporânea ao ensino apostólico significa" a submissão à autoridade Absoluta do Novo Testamento. Uma igreja cheia do Espírito Santo é uma igreja Neo Testamentária, no sentido de que ela estuda o Novo Testamento e se submete às suas instruções. O Espírito Santo de Deus leva o povo de Deus a se submeter à Sua Palavra. 2- Um Amor Verdadeiro - vs. 44 e 45 “Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum” (Koina). “Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o seu produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”. O texto de Atos é claro eles Perseveravam, na comunhão (koinonia). Koinonia (de koinós, "comum") testemunha a vida comunitária da igreja em dois sentidos. Primeiro, o termo expressa o que compartilhamos. A saber; o próprio Deus, pois, "a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo", e há a comunhão do Espírito Santo”. Segundo, koinonia também expressa o que partilhamos uns com os outros, tanto o que damos como o que recebemos. Koinonia é a palavra que Paulo usou para a oferta que recolheu entre as igrejas gregas, e koinonikos é a palavra grega para "Generoso". É a isso, especificamente, que Lucas está se referindo aqui, pois ele continua descrevendo como esses primeiros cristãos compartilhavam suas propriedades uns com os outros, (vs. 44 e 45). Podemos dizer que esses versículos são um pouco perturbadores. Pois será que cada crente e cada comunidade cheia do Espírito Santo deve seguir literalmente esse exemplo? A Resposta é Não, É importante notar que até mesmo em Jerusalém a comunhão de propriedades e bens era voluntária. De acordo com o versículo 46, eles partiam pão de casa em casa. Evidentemente, portanto, muitos ainda possuíam casa; nem todos as tinham vendido. Vale também notar que ambos os verbos no versículo 45 estão no tempo imperfeito, O QUE INDICA QUE A VENDA E A PARTILHA ERAM OCASIONAIS, EM RESPOSTA A NECESSIDADES ESPECÍFICAS, NÃO FEITAS DE UMA SÓ VEZ. Além disso, o pecado de Ananias e Safira, descrito em Atos 5, não foi a ganância ou o materialismo, mas sim, a fraude; não foi o fato de terem ficado com parte do produto da sua venda, mas o fato de o terem feito, fingindo que estavam dando tudo, achando que poderia enganá-los enganando assim o próprio Deus. Pedro deixa isso bem claro quando diz: "Conservando-o, porventura, não seria teu? E vendido, não estaria em teu poder? "(5. 4). Ao mesmo tempo, apesar de a venda e a partilha serem voluntárias, e de todo cristão precisar tomar decisões conscientes diante de Deus quanto a essa questão, todos somos chamados à generosidade, especialmente aos domésticos da fé, e também em relação aos pobres e necessitados que faziam parte da “Igreja”. No Antigo Testamento havia uma forte tradição de cuidado pelo pobre, e os israelitas deviam dar um décimo de sua renda: "ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva." Como os crentes cheios do Espírito Santo poderiam dar menos? Esse princípio é mencionado duas vezes em Atos: "distribuindo... à medida que alguém tinha necessidade" (v. 45), e "nenhum necessitado havia entre eles... se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade" (4. 34 e 35). E, como João escreveria posteriormente: “se nós temos algum bem material e vemos um irmão em necessidade, mas não compartilhamos o que possuímos com ele, como podemos afirmar que o amor de Deus permanece em nós?” (I Jo. 3. 17), assim podemos afirmar que: “A Comunhão Cristã é Cuidado Cristão, e Cuidado Cristão é Compartilhamento do Amor Cristão”. 3- Uma Adoração Verdadeira - v. 42 "Perseveravam... no partir do pão e nas orações" (v. 42). Ou seja: a comunhão era expressa não somente no cuidado mútuo, mas também no Culto Coletivo. Mais que isso: os artigos definidos nas duas expressões (literalmente, "o Partir do Pão e nas Orações") sugerem de um lado, uma referência à ceia do Senhor (embora seja quase certo que, naquele primeiro estágio, fazia parte de uma refeição maior) e, do outro, cultos ou reuniões de oração (mais do que orações individuais). Há dois aspectos do Culto da Igreja Primitiva que exemplificam seu equilíbrio: Primeiro, era formal e informal, pois era realizado tanto no templo como de casa em casa (v. 46), o que é uma combinação interessante. Pode causar surpresa o fato de terem continuado a usar o templo, mas usaram. Eles não abandonaram imediatamente o que poderíamos chamar de Igreja institucionalizada. Creio que eles não participavam mais dos sacrifícios do templo, pois já haviam compreendido que todos os sacrifícios foram completos e encerrados com o sacrifício de Cristo. Mas parece que participavam dos cultos de oração no templo (3. 1), a não ser que, como se sugere, fossem ao templo para pregar, e não somente para orar. Ao mesmo tempo, complementavam os cultos do templo com reuniões mais informais e espontâneas (que incluíam o partir do Pão) em suas casas. Segundo o equilíbrio no culto da igreja primitiva está no fato de ele ser Alegre e Reverente. Não se pode duvidar da alegria deles; está escrito que tinham: “Alegria e Singeleza de Coração” (v. 46), que significa literalmente "em exultação [agalliasis] e Sinceridade de Coração". Deus havia enviado Seu Filho ao mundo, e agora Ihes enviava o Seu Espírito. Eles tinham muitos motivos para se alegrarem. Além disso, "o fruto do Espírito é... Alegria", às vezes, uma alegria mais desinibida do que aquela que se vê (ou, até, se aceita dentro das tradições sóbrias das igrejas históricas). Mas cada culto de adoração deveria ser uma alegre celebração dos atos poderosos de Deus por intermédio de Jesus Cristo. O culto público pode ser majestoso, mas é imperdoável que seja sem vida e enfadonho. Ao mesmo tempo, a alegria deles nunca era irreverente. Se a alegria do Senhor for uma obra do Espírito Santo, o temor do Senhor também será autêntico. Pois: “Em cada alma havia temor” (v. 43), isso parece incluir tanto cristãos como não cristãos. Deus havia visitado a cidade; estava no meio deles, e eles sabiam disso, o véu que separava já não separa mais: curvavam-se diante d’Ele com humildade, maravilhados. 4- Uma Evangelização Ativa e Crescente A Comunhão, Adoração e na Evangelização da igreja de Jerusalém, era percebida, pois eles perseveravam nessas três áreas. Já se pregaram dezenas de milhares de sermões sobre At. 2. 42, e isso ilustra muito bem o perigo de isolar um texto de seu contexto. Sozinho, o verso 42 apresenta um quadro muito incompleto da vida da igreja. É preciso acrescentar o versículo 47 b: “enquanto isso, acrescentava-Ihes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. Aqueles primeiros cristãos de Jerusalém não estavam preocupados em estudar, compartilhar e adorar a ponto de esquecerem de evangelizar. Pois o Espírito Santo é um Espírito Missionário que Criou uma Igreja Atuante e Missionária. Como Harry Boer expressou em seu livro desafiador, Pentecost And Missions, Atos "É governado por um tema dominante que prevalece sobre todos os outros e controla todas as coisas. Esse tema é a expansão da fé através do testemunho missionário no poder do Espírito Santo... O Espírito Santo leva a igreja a testemunhar lncessanternente e os Testemunhos fazem com que igrejas surjam continuamente. A Igreja é uma Agência Dinâmica, Atuante e Missionária." Podemos aprender três lições vitais sobre evangelização da igreja local com esses primeiros crentes de Jerusalém. Primeiro: Foi o Senhor (ou seja, Jesus) quem fez: “acrescentava-Ihes o Senhor”. Sem dúvida, Ele o fez por meio da pregação dos apóstolos, do testemunho dos membros da igreja, do amor impressionante na vida comunitária deles e do exemplo de todos, pois estavam: “louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo” (v. 47a) Segundo: Jesus fez duas coisas ao mesmo tempo: Ele acrescentava... Os que iam sendo salvos (o particípio presente sozoménous indica algo atemporal ou enfatiza que a salvação é uma experiência progressiva que culmina com a glorificação final). Ele NÃO os acrescentou à igreja Sem salvá-los (no começo, não havia cristãos solitários). Salvação e Participação na Igreja Andavam Juntas; e Deve continuar Andando. Terceiro: o Senhor acrescentava pessoas dia a dia. O verbo está no imperfeito ("continuava acrescentando"), e o advérbio ("Diariamente"), que indica Constancia não deixa nenhuma dúvida. A Evangelização Não Era um Ato ou Uma Atividade Isolada ou Ocasional e Nem Muito Menos Esporádica da Igreja Primitiva. Eles não organizavam campanhas quinquenais ou decenais (campanhas são boas, conquanto que não passem de episódios dentro de um programa contínuo). Não, o culto deles era Diário (46 a), e assim também o testemunho. O Louvor e a Proclamação eram o Transbordamento Natural de Corações Cheios do Espírito Santo. Eles buscavam as pessoas de fora continuamente, e então os convertidos eram acrescentados continuamente. Precisamos recobrar essa expectativa de crescimento constante e ininterrupto da igreja. Considerações Finais: Amados irmãos analisando esses efeitos da primeira comunidade cristã que foi cheia do Espírito Santo, fica evidente que todos eles se preocupavam com os relacionamentos dentro e fora da igreja: Primeiro: Estavam relacionados aos apóstolos (em Submissão). Estavam ansiosos para receber as instruções deles. Uma igreja cheia do Espírito Santo é uma igreja apostólica, uma igreja neotestamentária, ansiosa para crer naquilo que Jesus e Seus apóstolos ensinaram, pronta para obedecer. Segundo: Estavam ligados uns aos outros (em Amor). Eles Perseveravam na Comunhão, Amparando-se Mutuamente e ajudando os pobres nas suas necessidades. Terceiro: Estavam ligados a Deus em Adoração. Eles o adoravam no templo e em casa, nas ceias do Senhor e nas orações, com alegria e reverência. Uma igreja cheia do Espírito Santo é uma igreja que cultua. Quarto: Eles estavam ligados ao mundo (em Evangelização). Eles estavam engajados numa evangelização contínua. Nenhuma igreja egocêntrica, auto-suficiente (absorvida em seus próprios negócio e interesses) pode afirmar que está cheia do Espírito Santo. Pois o Espírito Santo é um Espírito Missionário. Assim termino perguntando: O QUE É A IGREJA DO SENHOR? A igreja de Cristo é um corpo em Cristo? A comunidade que temos aqui em nossa igreja é um corpo em Cristo? E o os Efeitos de Pentecostes Podem ser vistos aqui em nossa igreja? E o Que nós como Igreja podemos Fazer para Ser como a Igreja Primitiva? Que nossas respostas encontrem a confirmação do Espírito Santo. Amém.