sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020
Tema: Há Fogo Estranho No Altar
Texto: Levítico 10. 1 a 3
1- Ora, Nadabe, e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário e, pondo neles fogo e sobre ele deitando incenso, ofereceram fogo estranho perante o Senhor, o que Ele não lhes ordenara.
2- Então saiu fogo de diante do Senhor, e os devorou; e morreram perante o Senhor.
3- Disse Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se chegarem a Mim, e serei glorificado diante de todo o povo. Mas Arão guardou silêncio.
Introdução:
Vemos nas Escrituras que antes mesmo da Instituição Oficial do Culto a Deus na nação de Israel, a Bíblia registra alguns momentos específicos de Culto e Adoração a Deus. Nos primeiros capítulos de Gênesis vemos Caim e Abel oferecendo Culto ao Senhor. Podemos perceber com clareza que já nesse episódio, Que Não é Qualquer Tipo de Culto que Deus Recebe. O culto de Abel foi aceito, mas o culto de Caim foi rejeitado.
Depois do Dilúvio a prática do culto a Deus foi preservado, pois tão logo Noé prestou culto ao Senhor (Gn. 8. 20). No tempo dos patriarcas de Israel também encontramos alguns exemplos nesse sentido. Abraão, Isaque e Jacó ergueram altares para cultuarem a Deus (Gn. 12. 7; 26. 25; 35. 1 a 7). Basicamente esses cultos eram caracterizados pelo oferecimento de sacrifícios de gratidão. Mas também numa época muito remota, Jó já oferecia sacrifícios ao Senhor de expiação de pecados (Jó 1. 5).
Mas depois que foi instituído o Culto e a forma de se cultuar, encontramos a expressão Fogo Estranho, essa expressão Bíblica foi utilizada para indicar o tipo de fogo trazido por dois sacerdotes e que foi rejeitado pelo Senhor (Lv. 10. 1 a 3). A Bíblia diz que Nadabe e Abiú trouxeram “Fogo Estranho” diante de Deus e acabaram sendo consumidos. Temos que entender que este fato ocorreu no Contexto da Ministração do Culto ao Senhor. Deus deu todas as instruções a Moisés acerca de como deveria ser o Culto e a Adoração em Israel, todas as Normas e Formas da Liturgia para a Celebração e Ministração do Culto ao Senhor, que podemos aqui chamar de Culto Levítico. O culto levítico descrito no Antigo Testamento recebeu toda a Regulamentação e Normatização Bem Específica, com seus Elementos, Ritos e Cerimoniais. Essas regulamentações foram dadas após o êxodo de Israel do Egito.
Como podemos perceber; que para se tratar deste assunto tão importante nos nossos dias, onde muitas igrejas estão trazendo práticas do Antigo Testamento que não agradam a Deus, diante desta constatação podemos afirmar que Há Fogo Estranho No Altar.
Em se tratando deste assunto os intérpretes se dividem quanto a melhor interpretação da expressão “Fogo Estranho”. De fato o texto Bíblico não revela explicitamente seu significado. Mas vale ressaltar que as duas pessoas envolvidas naquele episódio, Nadabe e Abiú, Tinham Sido Instruídas por Deus Acerca de Como Proceder na Ministração dos Cerimoniais que Faziam Parte do Culto no Tabernáculo.
Levítico 10 fala sobre como os dois sacerdotes se colocaram diante de Deus para lhe oferecer incenso. Porém, Deus não se agradou do que aqueles homens fizeram, e identificou aquilo como “Fogo Estranho”, Algo que o Senhor Não Lhes Tinha Ordenado. Vejamos então o que a Palavra de Deus nos orienta a respeito dessa questão.
1- A Instituição do Culto Levítico
Como já dissemos anteriormente, na nação de Israel o culto levítico foi instituído e regulamentado na época de Moisés. Deus libertou Seu povo do Egito para que Israel o Adorasse em Sua presença (Ex. 3. 12 a 18 e 15. 13 a 17).
Então Deus deu todas as instruções a Moisés acerca de como deveria ser o Culto e a Adoração em Israel. Deus deu ordens específicas para a construção do lugar onde o povo congregaria e que servia como representação da presença de Deus no meio dele. Esse lugar era o Tabernáculo; Todo o projeto foi elaborado por Deus, sua forma, móveis e utensílios tinham uma finalidade e significado. Dentro do lugar restrito do Tabernáculo chamado Santo dos Santos ficava o símbolo máximo da presença e da habitação de Deus com Seu povo: a Arca da Aliança. Deus também separou dentre os filhos de Israel, da tribo de Levi, as pessoas que seriam responsáveis por liderar a adoração em Israel.
Então o sacerdócio em Israel foi instituído, com a indicação de um sumo sacerdote que seria o principal sobre os demais sacerdotes e os auxiliares levitas. A família de Arão, irmão de Moisés, foi a primeira família sacerdotal em Israel.
Grande parte do Pentateuco traz toda a regulamentação do Culto Levítico, principalmente o Livro de Levítico. Nesse livro há especificações muito claras acerca dos cerimoniais e do sistema sacrifical do culto levítico. Essa regulamentação do Culto e da Adoração expressava como os israelitas deveriam viver e se relacionar com Deus e entre eles e com outras pessoas.
Havia também um calendário onde algumas vezes ao ano todo povo de Israel deveria congregar perante o Senhor. Além dessas ocasiões especiais de adoração coletiva, os israelitas se dirigiam ao Tabernáculo e depois ao Templo somente quando iam oferecer certos sacrifícios.
2- Qual O Significado do Fogo Estranho?
Com base em todo esse contexto, algumas possibilidades são apresentadas quanto o melhor significado do que seria o “Fogo Estranho” apresentado pelos filhos de Arão. Vejamos:
2.1- Primeiro- a expressão “fogo estranho” pode se referir ao modo ilícito que os dois sacerdotes apresentaram o incenso a Deus. É bem provável que eles não tivessem observado a ordenança divina que regulamentava aquele procedimento.
Deus havia prescrito o tipo de incenso correto que deveria ser oferecido, e proibido qualquer tipo de “incenso estranho”. Deus também havia indicado como o incenso deveria ser ascendido e queimado (Ex. 30. 37). O incenso deveria ser queimado continuamente, de manhã e de tarde. As brasas para ascender o incenso deveriam vir do próprio altar (Lv. 16. 12 e 13).
Então Nadabe e Abiú podem ter utilizado incenso errado, ou mesmo usado incensários inadequados; ou ainda ascendido os incensários com brasas de fogo de outra fonte, e não do altar. Nesse último caso, os dois sacerdotes teriam literalmente trazido fogo estranho diante de Deus. (vers. 1).
2.2- Segundo- os dois filhos de Arão podem ter adotado uma prática que não havia sido prescrita. Talvez eles tivessem tentado executar certo cerimonial num momento inadequado, ou trazido uma oferta que não havia sido ordenada por Deus. Ainda nesse sentido, também existe a possibilidade de os dois sacerdotes terem se apropriado de funções que não lhes cabiam. Alguns intérpretes sugerem que eles acabaram usurpando uma função que era exclusiva do sumo sacerdote, e talvez tentaram até entrar no Santo dos Santos.
2.3- Terceiro- muitos estudiosos relacionam o fogo estranho trazido por Nadabe e Abiú com a exortação acerca da embriaguez na sequência do mesmo texto (Lv. 10. 8 a 11). Então pode ser que os dois homens tenham entrado diante da presença do Senhor embriagados.
Independentemente do que a expressão “Fogo Estranho” possa significar literalmente naquele contexto, FICA EVIDENTE QUE A IDÉIA PRINCIPAL TRANSMITIDA POR ELA INDICA UMA PROFANAÇÃO DO CULTO AO SENHOR.
3- Como o Cristão Deve Interpretar o Culto Levítico?
Antigo Testamento mostra a glória e a beleza do culto levítico que havia em Israel, o Novo Testamento interpreta o culto levítico e todos os seus elementos como algo transitório. O Tabernáculo e seus utensílios, o Templo, o sacerdócio, o sistema sacrifical e os cerimoniais do culto levítico eram tipos que apontavam para Cristo, e nele encontram seu cumprimento.
Muitos cristãos hoje por influencia lideres mal intencionados, que promovem um doutrinamento totalmente desvinculado com as Escrituras (Bíblia), procuram trazer para o culto cristão, elementos do culto da Antiga Aliança; e sem qualquer significado Bíblico para a Nova Aliança, esses elementos acabam assumindo propósitos místicos e também interesses pessoais de lideres inconsequentes e desonestos. Obviamente isto está completamente errado!
Pela obra redentora de Cristo, hoje não precisamos de um sistema sacrifical, de sacerdotes, levitas, utensílios sagrados e certos cerimoniais. Cristo é o nosso Sumo Sacerdote Perfeito e Eterno, que ofereceu a Si mesmo em sacrifício uma vez por todas para redimir o Seu povo do pecado. Agora Ele ministra em nosso favor não num Tabernáculo terreno, mas no Tabernáculo celestial na presença do Pai (Hb. 6 a 10).
Como resultado disso, agora a Igreja (nós) que é o templo do Espírito Santo; o “lugar” em que Deus habita intimamente com Seu povo por intermédio de Cristo (I Co. 3. 16; II Co. 6. 16; Ef. 2. 21). Por mais belo e glorioso que fosse o Culto Levítico, ele era a sombra da realidade que hoje desfrutamos na Nova Aliança estabelecida por Cristo. Recorrer àquelas antigas práticas do culto do Antigo Testamento é Rejeitar a Nova Aliança e tentar se apegar a Antiga Aliança que se tornou obsoleta (Hb. 8. 6 a 13).
3- Que Estamos Fazendo Quando Nos Congregamos Para Adoração?
Quando nos congregamos como igreja para Cultuar e Adorar; e não conhecendo as Escrituras como deveríamos, ficamos expostos, e muitas vezes não sabemos o que devemos fazer nesses ajuntamentos semanais, e acabam aceitando todo o tipo de “novidades” no Culto.
Os cristãos evangélicos se voltam para a Escritura a fim de obter orientação nessas questões, mas em que lugar da Escritura nós procuramos? Há muito sobre Adoração no Antigo Testamento, sobre Orações, Sacrifícios, e tudo que diz respeito ao Culto. Mas será que todo esse material de fato se aplica aos ajuntamentos de crentes na Nova Aliança, definitivamente não, pois as práticas cultuais do Antigo Testamento, como o culto levítico, não tem mais espaço no Culto da Nova Aliança.
4- Adoração Congregacional no Novo Testamento
O que tudo isso significa para a Adoração congregacional na era da Nova Aliança? A primeira coisa a observar é que os termos do Antigo Testamento para a Adoração são aplicados a toda a vida dos crentes. Em Romanos 12. 1, Paulo escreve: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. Agora nós não oferecemos animais como sacrifícios, mas o nosso próprio eu. A vida inteira do cristão é um ato de serviço sacrificial a Deus.
Veja o que o autor de Hebreus disse: 13. 15: “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o Seu nome”. Louvor é o nosso sacrifício, o qual nós oferecemos sempre, não apenas por uma hora no domingo de manhã. O fruto de lábios que confessam o nome de Deus inclui Cânticos de Louvor, mas também muito mais: Confessar e testemunhar ousadamente o evangelho em público, falar palavras de verdade e amor ao próximo, trazer toda palavra que dizemos cativa ao domínio de Cristo, e acima de tudo viver o Evangelho, e o que isso significa se não “Adoração”.
Adoração não é algo que fazemos primordialmente na igreja aos domingos. Em vez disso, a adoração deve permear a nossa vida inteira. Para o cristão, a adoração não está confinada a ocasiões e lugares sagrados, porque nós estamos unidos pela Fé a Cristo, aquele que é o templo de Deus, e nós somos habitados pelo Espírito Santo, que nos faz tanto individualmente como coletivamente o templo de Deus (I Co. 3. 16 e 17; 6. 19; Ef. 2. 22).
4.1- O Que Caracteriza a Adoração na Nova Aliança?
A leitura e pregação da Escritura (I Tm. 4. 14); o Canto Congregacional de salmos, hinos e cânticos espirituais (Ef. 5. 18 e 19; Cl. 3. 16); a Oração (I Tm. 2. 1 e 2, 8); a Celebração das Ordenanças do Batismo e da Ceia do Senhor (Mt. 28. 19; I Co. 11. 17 a 34); o estímulo mútuo ao amor e às boas obras (Hb. 10. 24 e 25). “Habite, ricamente, em vós a Palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Cl. 3. 16). Nós instruímos e aconselhamos uns aos outros à medida que cantamos ao Senhor. Enquanto louvamos a Deus, nós edificamos uns aos outros.
Por causa da Nova Aliança que Cristo instituiu, a Adoração Congregacional na era da Nova Aliança tem uma função completamente diferente da Adoração congregacional na Antiga Aliança. Em vez de a presença de Deus restringir-se ao Santo dos Santos, onde é protegida pelos sacerdotes, Deus agora habita em todo o Seu povo por meio do Espírito Santo e Cristo está presente com Seu povo onde quer que eles se reúnam (Mt. 18. 20). Em vez de executarem uma elaborada série de sacrifícios e ofertas, os cristãos se reúnem para ouvir a Palavra, pregar a Palavra, orar a Palavra, cantar a Palavra e ver a Palavra nas Ordenanças. E tudo isso tem por Objetivo a Edificação do corpo em amor, para que todos nós cheguemos à maturidade em Cristo (Ef. 4. 11 a 16).
Considerações Finais:
E para terminar, oriento a Igreja a realizar apenas aquelas práticas que são positivamente prescritas nas Escrituras, seja por um mandamento explícito ou por um exemplo normativo. Fazer qualquer outra coisa seria comprometer a liberdade cristã. Assim, as igrejas devem olhar para a Escritura, a fim de que ela nos ensine a Cultuar e Adorar juntos, e devem fazer somente o que a Escritura nos ordena fazer.
Discernir quais ensinamentos Bíblicos acerca da adoração são obrigatórios exige alguma destreza, uma vez que a Escritura em nenhum lugar nos apresenta, por exemplo, uma “ordem de culto” completa e confessadamente normativa. Mas há alguns mandamentos no Novo Testamento os quais são claramente obrigatórios a todas as igrejas. O fato de as igrejas em Éfeso e em Colossos serem ambas ordenadas a cantar (Ef. 5. 18 e 19; Cl. 3. 16), bem como a referência ao canto na igreja de Corinto (I Co. 14. 26), sugere que todas as igrejas devem cantar. O fato de Paulo ordenar Timóteo a ler e pregar a Escritura em uma carta destinada a instruir Timóteo acerca de como a igreja deve se conduzir (I Tm. 3. 15; 4. 14) sugere que a Leitura e Pregação da Palavra são a vontade de Deus não apenas para aquela igreja em particular, mas para todas as igrejas e todos os tempos.
Certamente, muito do Antigo Testamento informa o modo como adoramos. Os Salmos nos Ensinam a Adorar com Reverência e Temor, Alegria e Admiração, Gratidão e Júbilo. Mas o Antigo Testamento não prescreve nem os elementos nem as formas da Adoração na Igreja da Nova Aliança.
Nesse sentido, o Novo Testamento provê uma nova constituição para o povo de Deus da Nova Aliança, assim como muito do Antigo Testamento serviu como a constituição para o povo de Deus sob a Antiga Aliança. Deus tem um único plano de salvação, mas o modo como o povo de Deus se relaciona com Ele, mudou radicalmente após a vinda de Cristo e o estabelecimento da Nova Aliança.
É por isso que precisamos empregar todo esforço no conhecimento Bíblico, a fim de chegarmos a um Culto e uma Adoração que seja aceita por Deus. Como o povo de Cristo da Nova Aliança, habitados pelo Santo Espírito da promessa, nós adoramos em Espírito e em Verdade, de acordo com os termos que o próprio Deus especificou nas Escrituras, e o que passar disso deve ser considerado como Fogo Estranho no Altar. Deus não aceita um Culto que não seja oferecido de todo o Coração, mas de acordo com o que foi estabelecido na Sua Palavra, ou seja o Verdadeiro Culto sempre teve sempre terá Deus, Jesus como Centro e não jamais o homem, e nos cultos hoje de muitas igrejas o culto está centrado nos desejos e na satisfação e na idolatração do homem e não de Deus, e isso é claramente Fogo Estranho no Altar. Amem.